14/09/2011

Um Brasileiro falando do ACORDO ORTOGRÁFICO




Apesar de algumas palavras menos ortodoxas que não menos apropriadas

6 comentários:

Amigo Paciente disse...

Desculpem alguns palavrões contidos na exposição. Mas não resisti a publicar uma visão clara sobre o "aborto" do Acordo Ortográfico, em especial vindo de um Brasileiro.
Fernando

A. João Soares disse...

Caro Amigo Paciente,

Muito agradeço este documento, de grande interesse.Pessoalmente estou com o brilhante orador e mantenho a minha escrita de ignorante (do novo acordo), dando insistentes erros de ortografia, apoiado pelo dicionário do meu computador, que não pretendo mudar. Se há tanta gente a dar erros, porque não hei-de segui-los, aliás com o apoio de intelectuais como este orador.

Um abraço
João

A. João Soares disse...

Recebi agora um e-mail que não posso deixar de transcrever:

Um C a mais

Quando eu escrevo a palavra acção, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o C na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa.

Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes CCC's e PPP's me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.

Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: - não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí.

E agora as palavras já nem parecem as mesmas.O que é ser proativo?

Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.

Depois há os intrusos, sobretudo o R, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hifenes e entraram RRR's que andavam errantes.

É uma união de facto e, para não errar, tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem.

Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os EEE's passaram a ser gémeos, nenhum usa ( ^^^) chapéu.

E os meses perderam importância e dignidade; não havia motivo para terem privilégios. Assim, temos janeiro, fevereiro, março, são tão importantes como peixe, flor, avião.

Não sei se estou a ser suscetível, mas sem P, algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.

As palavras transformam-nos.

Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do C não me faça perder a direção, nem me fracione, e nem quero tropeçar em algum objeto.

Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um C a atrapalhar.

Amigo Paciente disse...

Amigo João:
Tal como tu também não altero o dicionário que tenho no meu Outlook, perdão ou será auteluque? É que aqui não tenho dissionariu de apoio.
Será que estes imberbes e iletrados doutores, responsáveis pela assinatura de tal acordo, algum dia ouviram falar do que é a semântica de uma Língua?
Certamente que corariam de vergonha, se alguém lhes fizesse tal pergunta no Parlamento.
Eu continuo com o C e com o P sem que eles perturbem a minha acção e que seja fiel à adopção da Língua que falo.
Abraço.

Anónimo disse...

Os argumentos do Olavo de Carvalho são perfeitos.

A. João Soares disse...

Caros Paciente e Parole,

Esperemos que o bom senso regresse aos espíritos dos «sábios» que têm poder para alterar isto.

Eles precisam de meditar a sério no Recado a jovens economistas e a governantes.

Parece que não têm a mínima noção do essencial das decisões que tomam sobre problemas que não procuram conhecer na totalidade.

Agem como jogadores do euromilhões, na esperança de acertarem e o seu nome ficar imortalizado. Mas como são BURROS, nem vêem que o seu nome fica enlameado para todo o tempo em que haja estudiosos que se debrucem sobre estas tragédias da História.

Um abraço
João