NATAL
Estrelas douradas,
vindas de galáxias misteriosas,
ano a ano reinventadas pelas crianças,
contemplam com arrogância
e um porte fidalgal,
os febris preparativos do Natal.
As bolas coloridas,
nervosas, saltitam,
ingénuas, ansiosas,
nos fios resplendentes,
corpo de baile encantado,
que rodopia ligeiro,
multirradiado,
em passos ágeis, iridescentes.
O pinheiro verguio,
esguio, odoroso,
sustenta simples,
firme mas orgulhoso,
os enfeitos que o adornam com carinho.
Na mesa, o perú impera.
Morto, sim, mas arrogante,
com seu peito inchado,
de farofa recheado,
corado,
pedante .
As lascas apetitosas
do bacalhau fumegante,
tronchudas, couve-galega,
panquecas deliciosas,
os mexidos coloridos
e o bolo-rei gigante.
Momento de feeria,
de ingénuo fideísmo,
a chegada do Menino.
E as prendas no sapatinho,
ritual tradicional,
encerram com alegria,
irresistível magia,
cada noite de Natal. Isabel Martins
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