29/06/2023

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DEVE MERECER CUIDADO SEMELHANTE AO DAS ARMAS NUCLEARES

 A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DEVE MERECER CUIDADO SEMELHANTE AO DAS ARMAS NUCLEARES

 (Public em O DIABO nº 2426 de 30-06-2023, pág 16, por António João Soares)

 A IA constou no meu artigo de 19-05-2023 e, logo aí, alertei para os perigos que ela pode trazer se a sua utilização não for devidamente controlada e fiscalizada.

 Agora, que tal inovação já cresceu de forma espantosa, a sua utilização na UE passa a ser regulada pela Lei da IA, a primeira lei abrangente do mundo sobre a Inteligência Artificial. A União Europeia (UE) pretende regulamentar a IA por forma a garantir melhores condições para o desenvolvimento e a utilização desta tecnologia inovadora. Com efeito a IA pode trazer muitos benefícios, melhorando os cuidados de saúde, tornando os transportes mais seguros e mais limpos, o fabrico mais eficiente e a energia mais barata e mais sustentável. Para começar, a EU, no seu primeiro quadro regulamentar para a IA, propõe que os sistemas de IA, que podem ser utilizados em diferentes situações, sejam analisados e classificados de acordo com o risco que representam para os utilizadores. Os diferentes níveis de risco implicarão regulamentação adequada a esses riscos, com medidas preventivas para evitar catástrofes. Estas regras, uma vez aprovadas, serão as primeiras do mundo sobre a IA, e estão a ser objecto de cuidados ajustados aos condicionalismos considerados reais.

 Mas, com a passagem do tempo, precisam de ser ajustadas, dado que esta inovação, sendo nova e muito específica, vai obtendo aspectos concretos e pouco previsíveis. Na elaboração e na permanente actualização das regras deve haver prioridade para garantir que os sistemas de IA utilizados na UE sejam seguros, transparentes, rastreáveis, não discriminatórios e respeitadores do ambiente. Os sistemas de IA devem ser supervisionados por pessoas, em vez de serem automatizados, a fim de se evitar resultados prejudiciais. Mesmo nos casos em que os riscos sejam considerados mínimos, devem ser devidamente avaliados com rigor.

Eis alguns aspectos que, logo de início, devem ser olhados com muito cuidado:

Os perigos da criptomoeda e as vantagens da legislação da UE,
Luta contra a cibercriminalidade: explicação da nova legislação da UE em matéria de cibersegurança,
Aumentar a partilha de dados na UE: quais são os benefícios?
Lei dos Mercados Digitais e Lei dos Serviços Digitais da UE,
Cinco formas de o Parlamento Europeu proteger os jogadores de vídeo em linha.

Os sistemas de IA de risco inaceitável são sistemas considerados uma ameaça para as pessoas e serão proibidos. Estes sistemas incluem:

- manipulação cognitivo-comportamental de pessoas ou grupos vulneráveis específicos: por exemplo, brinquedos ativados por voz que incentivam comportamentos perigosos nas crianças,

- pontuação social: classificação de pessoas com base no comportamento, estatuto socioeconómico, características pessoais.

- sistemas de identificação biométrica em tempo real e à distância, como o reconhecimento facial.

Podem ser permitidas algumas exceções, para efeitos do funcionamento da Justiça ou das Forças de Segurança Pública.

 A utilização da IA encontra-se em estudo cuidadoso e é esperado que, em breve, terão início as conversações com os países da UE no Conselho sobre a forma final da lei, com o objectivo de se chegar a um acordo até ao final deste ano. Realmente, Inteligência Artificial está a ser considerada de tal maneira carente de cuidados preventivos que pode ser encarada com consequências semelhantes às do mau uso das armas nucleares.

 Oxalá que, os políticos sejam sensatos perante este assunto e usem da máxima prudência na elaboração da regulamentação do uso desta nova arma, na fiscalização da sua utilização, sem fugas à verdade, à transparência, ao respeito pelos direitos individuais e à intenção de contribuírem para um futuro mais risonho seguro para toda a humanidade, sem corrupção nem favores partidários.

 

CONVÍVIO DAS QUINTAS 230629

A Amizade é um afecto de muito valor, que apenas tem compensação pela retribuição de uma afeição recíproca. Quem dá amizade é recompensado por receber amizade. Se não há esta retribuição, não se deve considerar verdadeira amizade embora se mantenha o respeito pelo outro. Este grupo que se reune habitualmente num almoço semanal amenta uma amizade já com raízes fortes desde há muitos anos. Tenho nele amigos desde o início da década de 1950. O tempo não nos faz perder amigos, ele faz-nos entender quais são os verdadeiros. Este convívio tem um pequeno número de presenças assíduas, mas nem todos têm uma vida livre que lhes permite tal comparência regular. Criei o hábito de fazer fotografias e de as publicar na Internet, ma agora deixei de frequentar os convívios, mas sou do grupo e há um fotógrafo, meu amigo desde 1952, que faz as fotogafias e mas envia para eu as publicar, o que mantém elemento do grupo. Telefonou há pouco a informar que está com problema no computador e ainda não as pôde enviar. Afinal acabou por as enviar.

02/06/2023

GOVERNAR UMA NAÇÃO NÃO É FÁCIL

 Governar uma Nação não é fácil

(Public em  DIABO nº 2422 de 02-06-2023. pág 16, por António João Soares) 

Uma Nação é composta por cidadãos, todos diferentes, mas todos iguais em direitos e deveres, embora alguns sejam dotados de especial cultura, instrução e preparação técnica superior o que os torna mais sensíveis à falta de respeito, de honestidade, de lealdade e outras qualidades de chefia exigíveis a quem os governa. Por isso, não é tarefa fácil ser governante mas, infelizmente, há pessoas que aceitam assumir cargos de responsabilidade, só por vaidade e ambição e que, depois, deparam com dificuldades difíceis de ultrapassar. Alguns, ao enfrentarem problemas para os quais não encontram solução fácil, têm suficiente honradez para não serem enxovalhados e pedem o termo das funções. Mas muitos mantêm-se no tacho, com esperança de futuros benefícios, ou financeiros ou de recompensas devidas a amizades ou golpes de sorte.

Muitos, mais habilidosos, seguem a continuidade dos seus antecessores e isso também não é boa solução porque a realidade não é sempre igual e o que estava aceitável na semana anterior pode não ser aconselhável agora e, por outro lado, os erros de ontem não devem ser repetidos hoje, para evitar a criação de crise que conduza à degradação que pode não ter oportunidade de recuperação do nível de vida desejado. E os cidadãos mais esclarecidos, podem reagir de formas menos convenientes, mesmo que não violentas, mas perdem coragem e energia para continuar a contribuir para o desenvolvimento económico e social do seu País.

José Ramos Horta disse que Timor Leste precisa de liderança competente para não ser «Estado falhado». Mas a competência não pode ser o caminho para a autocracia, o amiguismo ou a imposição forçada do voluntarismo, do «quero, posso e mando». Na vida real de uma democracia, deve haver liberdade de expressar opinião e de o povo participar, por intermédio dos seus representantes livremente eleitos, nas grandes decisões nacionais. Mas estes eleitos, logicamente, não devem ser impostos por «cabeças iluminadas» mas sim, pelo povo que lhes conhece as qualidades mostradas pela sua preparação, experiência, honestidade, dedicação à causa pública, lealdade, respeito pelos interesses colectivos e nacionais.

Há países onde vivem, teoricamente, em democracia, mas o poder está em mãos de gente pouco séria e incompetente que decide por impulso pessoal, sem boa análise e profunda reflexão e que, passado pouco tempo, decidem o contrário, em que os seus componentes, impreparados e mal mentalizados agem de formas inconcebíveis e, por vezes até criam conflitos uns com os outros, tal é a impreparação para a função de defender o interesse nacional e de criar boa qualidade de vida para os cidadãos.

 Será bom que Timor Leste aproveite as sugestões de José Ramos Horta e passe a ser governado com competência e sentido de Estado para evitar degradação e obter o máximo êxito na governação, analisando conscientemente os seus problemas e tomando decisões adequadas e que sejam bem aplicadas para agrado e proveito dos cidadãos e do desenvolvimento económico do Estado. Oxalá que, em breve, as grandes cabeças timorenses passem a ter motivo para fazerem muitos elogios à liderança que passem a ter e que possam afirmar que Timor Leste não é um «Estado falhado». Desejo isso a todos os Estados que estejam em dificuldade, incluindo Portugal que, na última década, tem passado por momentos difíceis que espero não se repitam.

Faço votos para que as próximas gerações tenham uma vocação semelhante à dos momentos mais brilhantes da história, embora adequada à época em que estamos a viver.

A vida não pode ser cópia de ontem, mas cada passo deve ser maduramente preparado e efectuado para ter êxito.